O ataque de 13 de abril de 2024
Em 13 de abril de 2024, o Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos (IRGC), um ramo das Forças Armadas Iranianas, em colaboração com a Resistência Islâmica no Iraque, o grupo militante libanês Hezbollah e os Ansar Allah (Houthis), lançaram ataques de retaliação contra Israel e as Colinas de Golã ocupadas por Israel com drones kamikazes, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos. O ataque foi codinome do Irã como Operação True Promisse. O Irã disse que era uma retaliação pelo bombardeio israelense da embaixada iraniana em Damasco em 1º de abril, que matou dois generais iranianos. O ataque foi visto como um efeito colateral da guerra entre Israel e o Hamas e marcou o primeiro ataque direto do Irã a Israel desde o início do conflito por procuração.
O ataque iraniano foi realizado por uma sincronização entre os lançamentos de drones kamikazes e os mísseis lançados, com intervalos de horas entre os lançamentos em três ondas de ataque. Por volta das quatro horas e meia da tarde (horário de Brasília) do dia 13 de abril, o Irã começou a enviar uma quantidade massiva de drones kamikazes do modelo Shahed-136 que voaram de três regiões do Irã em direção à Israel. Sobrevoando o espaço aéreo iraquiano e sírio a uma altitude extremamente baixa, os drones com uma velocidade máxima de 185 km/h demoraram horas para chegar ao espaço aéreo israelense.
Após os lançamentos de ondas de ataque com drones kamikazes, algumas fontes alegando que foram enviados cerca de 150-170 Shahed-136, os iranianos lançaram os mísseis de cruzeiro Soumar, com variadas fontes alegando que cerca de 30 mísseis de cruzeiro Soumar foram lançados chegando em horários diferentes dos drones Shahed-136 anteriormente lançados.
A última grande onda de ataque foram os mísseis balísticos que foram disparados por volta das 19:00 da noite do dia 13 de abril de 2024. Os mísseis balísticos lançados foram do tipo superfície-superfície Khorramshahr/Kheibar Shekan e Emad. A maioria dos lançamentos foram compostos pelos mísseis mais antigos Emad, enquanto os tipos Khorramshahr/Kheibar Shekan foram lançados em um grau muito menor da totalidade que foram lançados, o que acabou totalizando cerca de 110-120 mísseis disparados contra Israel.
O ataque permitiu avaliar diversas considerações de ambos os lados. De uma forma geral, o ataque já havia sido previsto pelos lados que demorou cerca de duas semanas de preparo até realizar o ataque, além disso, o Irã informou por meio de canais diplomáticos que iria realizar o ataque, permitindo um aviso prévio para Israel e os aliados. Para não haver um risco maior de escalada, o Irã antecipou a resposta de Israel por meio do ataque de drones kamikazes que demoraram horas para chegar à Israel antes dos mísseis balísticos fossem lançados, o que deu uma vantagem de tempo para preparação das defesa aéreas de Israel e aliados.
Com todo o empenho em evitar a escalada e usando recursos diplomáticos como um direito à resposta por meio da ONU, o Irã atacou Israel. Em três grandes ondas, foram disparados drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos. Israel apoiado por Israel, Jordânia, Arábia Saudita, Reino Unido, França e EUA, fizeram enormes esforços para conter o ataque. Os caças britânicos e americanos na região decolaram para interceptar os drones Shahed-136 que foram lançados para abater sobre o espaço aéreo sírio e iraquiano, antes de chegar a Israel, o que foi uma missão desafiadora, considerando a quantidade de centenas de drones a serem abatidos e voando a uma altitude extremamente baixa e com uma velocidade pequena. Apoiado por caças jordanianos que também abateram drones sobrevoando o espaço aéreo jordaniano, com apoio da Força Aérea de Israel (IAF) assim como a USAF, conseguiram conter a primeira onda de ataques com drones, com uma quantidade muito pequena chegando a Israel. Relatos informam que EUA e Reino Unido conseguiram abater 100 drones no espaço aéreo jordaniano, iraquiano e sírio.
O Iêmen, também se juntou ao ataque lançando alguns drones, embora a quantidade seja realmente pequeno se comparado ao ataque do Irã. O Hezbollah também entrou no ataque lançando foguetes BM-21 Grad ao norte de Israel que tiveram a contenção do sistema Iron Dome. Enquanto isso, os EUA ajudaram Israel interceptando mísseis balísticos por meio de seus cruzadores e destróieres posicionados na região, confirmando interceptações exoatmosféricas por meio do míssil SM-3, o primeiro uso operacional em combate do míssil americano. Israel, por meio do seu sistema Arrow-3, Arrow-2 e David's Sling, interceptou alguns mísseis balísticos, mas não foram suas primeiras interceptações operacionais em combate porque em novembro de 2023, já havia feito uma interceptação de mísseis balísticos dos Houthis.
Mesmo com tamanho comprometimento e empenho dos aliados e de Israel para conter o ataque, os mísseis chegaram no território de Israel acertando alguns alvos. Pelo menos nove mísseis atingiram as bases aéreas de Nevatim e Ramon, causando danos menores, acredita-se que esses mísseis que chegaram foram do tipo mais avançado Khorramshahr/Kheibar Shekan. Por exemplo, esse vídeo demonstra o ataque a base aérea de Ramon, no deserto de Negev, com um registro de sete impactos na base, com um lançamento de um míssil antiaéreo que deve ser do tipo Patriot sobrecarregando tentando interceptar algum míssil iraniano.
Um outro alvo que o Irã alegou também que atacou uma base de inteligência na parte ocupada por Israel do Monte Hermon. Não se sabe a extensão de danos ou se realmente o míssil chegou ao alvo pretendido. A avaliação de danos particulamente é difícil de mensurar devido a censura militar de Israel, a censura serve para esconder informações, torná-la mais restrito, ainda mais informações vitais para a segurança do Estado, seria motivador o suficiente para Israel esconder os danos que foram alcançados por meio desses ataques. Como uma extensão dessa censura militar, Israel disse que abateu 99% dos mísseis e drones, mas como o vídeo anterior vinculado demonstra, sete mísseis chegaram na base aérea de Ramon, o que indica pelo menos uma penetração maior do que informado por Israel, ainda sem falar que a base de Nevatim foi alvo do ataque e as imagens de satélite demonstram que a base foi atingida, o que abaixa ainda mais o sucesso da defesa aérea de Israel.
Mesmo assim, considerando a extensão do ataque, a defesa aérea de Israel realmente poderia ter interceptado a grande maioria dos mísseis, porque o ataque foi como uma resposta limitado do Irã, como meio de desescalar, deu um aviso prévio muito grande para todos se prepararem, incluindo os aliados de Israel para protegerem-no. Israel alegou 99% de sucesso na interceptação e o Irã se contentou com o ataque, com ambos declarando vitoriosos. Israel por meio de canais diplomáticos, estava considerando uma resposta proporcional, mas parece que seus aliados o contiveram e avaliações de que realizou um ataque limitado contra o Irã uma semana depois que você pode ler um pouco aqui. O ataque demonstrou que Israel precisava reforçar suas camadas superiores de defesa aérea contra mísseis balísticos, por isso, fez planos para desativar suas baterias Patriot e encomendar mais duas baterias David's Sling, além certamente de expandir as baterias Arrow e introduzir o Arrow-4 ainda em desenvolvimento.
Sob o ponto de vista do Irã, esse ataque permitiu o IRGC avaliar o comportamento da defesa aérea de Israel, avaliar a taxa de sucesso dos seus mísseis balísticos em uma condição operacional, mesmo que ainda tenha realizado com os mísseis mais antigos. A composição do ataque iraniano contra Israel foi semelhante à composição dos ataques russos que repetidamente têm como alvo a Ucrânia. Esses ataques russos tentaram determinar o pacote ideal para penetrar nas defesas aéreas e de mísseis ocidentais. A Rússia experimentou combinações de mísseis balísticos e de cruzeiro ao lado de drones iranianos na Ucrânia. O uso de drones e mísseis pelo Irã mostra como o Irã está aprendendo com os russos para desenvolver pacotes de ataque cada vez mais perigosos e eficazes contra Israel. O Irã também usou os ataques Houthi no Mar Vermelho para refinar as táticas de drones iranianos testando as defesas aéreas da Marinha dos EUA. Os ataques iranianos fornecem ao Irã oportunidades de avaliar a eficácia de diferentes pacotes de ataque para entender como eles podem escapar e sobrecarregar as defesas aéreas e marítimas dos EUA de forma mais eficaz.
Duas situações marcaram o ataque de abril de 2024. Primeiro, uma saraivada de mísseis sobrevoando a Mesquita de Al-Aqsa, o que certamente foi um evento extraordinário para o Eixo da Resistência e claramente elevou o moral dos integrantes, assim como da resistência palestina que comemorou os ataques iranianos que foi a primeira vez da história contra Israel. O segundo momento marcante foi a imagem de mísseis iranianos sobrevoando o parlamento israelense, o Knesset. Tal imagem acabou se tornando a imagem dos ataques iranianos em abril de 2024.
O ataque de 01 de outubro de 2024
Em 1 de outubro de 2024, o Irã lançou diversos mísseis balísticos contra alvos em Israel em pelo menos duas ondas, a maior escalada durante o conflito Irã-Israel em curso. O ataque com mísseis foi denominado pelo Irã como Operação True Promise 2. O ataque do Irã coincidiu com uma grande operação de tiroteio em Tel Aviv, que liquidou pelo menos 7 cidadãos de Israel e feriu mais de 8. Esse é o segundo ataque direto do Irã contra Israel em menos de um ano.
Esse ataque iraniano, ao contrário da última vez, não foi realizado por uma sincronização entre os lançamentos de drones kamikazes e os mísseis lançados, com intervalos de horas entre os lançamentos em três ondas de ataque. Por volta de uma hora e meia da tarde (horário de Brasília) do dia 01 de outubro de 2024, o Irã começou a enviar uma quantidade massiva mísseis balísticos que voaram de algumas regiões do Irã (Teerã, Kermanshah, Xiraz, Khorramabad, Tabriz e Isfahan) em direção à Israel. O ataque foi realizado em um espaço de 45 minutos entre todos os lançamentos de mísseis dessas três regiões em duas ondas de ataque. Variadas fontes desde o IRGC informando lançamentos de 100 mísseis, algumas afirmando serem 200 mísseis disparados, outras fontes alegando que foi cerca de 180 mísseis disparados.
O IRGC afirmou que três bases militares além de um QG da inteligência de Israel em Tel Aviv foram os alvos dessa campanha de bombardeio. Os alvos dessa vez foram a Base Aérea de Nevatim, Base aérea de Tel Nof, talvez a Base Aérea de Hatzerim e a sede do Mossad em Tel Aviv. Parece se confirmar que pelo menos alguns impactos foram registrados em quase todos os alvos, a sede do Mossad foi registrado dois impactos (um no mar e outro a uma distância de 500 metros do QG), a base de Nevatim um total entre 25-29 impactos registrados, base de Tel Nof com 3-7 impactos e a base de Hatzerim sem registros de impactos, além de registros de alvos no eixo Netzarim em Gaza, provavelmente sujeito à censura militar, outros impactos registrados em plataformas offshore na costa de Israel. Vista de outro ângulo do ataque em Nevatim.
Os mísseis lançados confirmados dessa vez foram o Emad 1/2 e o Fattah-1. Apesar de alguns relatos de que o Qadr-F com uma nova ogiva e Kheibar Shekan tenham sido utilizados, tal informação ainda não pode ser confirmado. Alguns canais relatam o emprego do Shahab-1/2/3, mas tais mísseis estão aposentados e a família do Shahab-3 se transformou no Emad-1/2 com um MaRV, o outro relatado é o Ghadr-1 que é um míssil inexistente, sua versão de produção atual é chamada Ghadr-F com um alcance de 1.950 km. Foi registrado um mínimo de 33 acertos e um máximo de 45 acertos (requer imagens de satélite para avaliar a precisão e os danos). Usando os mísseis mais recentes para reduzir a cadência de tiro e a chance de acertar, houveram dificuldades para controlar a precisão dos mísseis em alta velocidade, como se demonstra no erro de 500 metros da sede do Mossad. Provavelmente a avaliação exigirá equipamentos com módulos de radionavegação de correção GLONASS/GPS mais resistentes a ruídos, bem como acelerômetros e giroscópios mais precisos para aceleração longitudinal e lateral, a fim de aumentar a precisão dos sistemas de navegação inercial, uma necessidade de reduzir o CEP das ogivas dos mísseis iranianos para aumentar sua eficácia
As áreas afetadas por este ataque incluem a Base Aérea de Nevatim, a Base Aérea de Tel Nof, a sede do Mossad e a infraestrutura civil no centro de Israel. A Base Aérea de Nevatim foi atingida por uma chuva de mísseis com efeitos ainda pouco claros, mas fontes avaliaram que foi duramente atingido. Os RVs (veículos de reentrada/ogivas) têm ângulos de entrada notavelmente deprimidos com pontos de impacto amplamente dispersos. Nevatim foi atingida anteriormente por 7-8 mísseis em abril com efeito mínimo. Nevatim abriga os esquadrões 116º (F-35I), 117º (F-35I), 140º (F-35I), 103º (C-130J), 131º (C-130H), 120º (Boeinng 707 REVO) e 122º (Gulfstream V/550 SEMA/CAEW/ELINT/COMINT), uma das bases aéreas mais importantes para Israel, se não a mais importante que foi bombardeada. Israel teve menos de uma hora para se preparar para o ataque e certamente material importante/sensível, papelada e equipamento foram deixados para trás na referida base que foi bombardeada. As defesas para uma base tão importante falharam em interceptar algumas dezenas de mísseis balísticos. A Base Aérea de Tel Nof foi atingida por vários mísseis balísticos, com pelo menos um impacto parecendo causar detonações secundárias. Tel Nof abriga os esquadrões 210º e 5601º, o primeiro opera Eitan UCAVs e o último é o esquadrão de testes da IAF.
O desempenho da defesa aérea (DAAe) de Israel também pode ser avaliado. A DAAe de Israel conseguiu algumas interceptações bem-sucedida de mísseis de combustível líquido e revelou uma fraqueza contra míssil de combustível sólido hipersônico na fase terminal. Os americanos ajudaram no esforço ABM para proteger Israel disparando cerca de 12 SM-3 de três destróieres posicionados na região e o Pentágono revelou que interceptou 12 mísseis balísticos. Mesmo com a ajuda americana, dezenas de impactos atingiram Israel em várias áreas com vídeos comprovando a escala do ataque. Claramente, o Irã mirou em locais específicos, mas poderia ter atingido centros civis e áreas industriais se quisesse, claramente eles têm a capacidade. O objetivo de um sistema de defesa aérea é interceptar o máximo de ameaças possível, colocá-lo e evitar deliberadamente interceptar derrota o propósito do sistema. Certamente, se a capacidade de interceptar estiver lá, então ele teria sido interceptado. Uma informação que circulou foi o provável ataque contra o radar do sistema Arrow 2/3, o que não vai se confirmado devido a censura militar, ainda assim, dificilmente algo assim seria publicado por iniciativas da IDF que pediram para empresas de imagens de satélite censurassem até mesmo imagens de baixa resolução em setembro de 2024. De acordo com dados preliminares, não mais do que 25-35% dos mísseis do IRGC foram interceptados.
Ao contrário do ataque anterior, não ocorreu aviso prévio, não lançar drones para dar a Israel um aviso de 2 a 4 horas de antecedência realmente prejudica suas taxas de interceptação, um vídeo divulgado é importante para entender o contexto, um passageiro de um avião comercial registrando o lançamento de mísseis em uma área do Irã (Xiraz), o que demonstra que o país não emitiu NOTAM para recomendar as cias aéreas de evitar voos naquela área. Também dá para avaliar que ao ver mísseis mais antigos usados hoje (Emad) e mísseis mais novos provando sua utilidade (Fattah-1) com outros ainda para vermos em ação como Khorramshahr-1/2/4, Sejjil, Fattah-2 e outras surpresas. O estoque de interceptadores Arrow era estimado por contas OSINT pró-Ocidente/Israel mais confiáveis no Twitter em cerca de 250 antes do ataque de abril. Menos de 200 depois daquele ataque e agora 100-150 depois do ataque de hoje. Os interceptadores Arrow são muito complexos e caros, Israel se concentra na força aérea, não tem orçamento ilimitado para manter centenas de F-35s e guerras sem fim e também uma enorme força ABM (mesmo com assistência dos EUA). Essa é a mesma conclusão que um autor do Telegraph escreveu em seu artigo de opinião.
Uma avaliação que pode ser conclusiva desse ataque é que não há sistema de defesa impenetrável. Os mísseis balísticos iranianos chegaram em Israel em 12 minutos. E parte passou pelos sistemas antiaéreos israelenes pois fora realizado um ataque de saturação. Se o Irã tiver misseis com ogivas nucleares poderá varrer Israel do mapa e com pouca capacidade de reação israelense. O ataque comprovou que a saturação é perfeitamente possível. Se o Irã realizar ataques com mais ondas, sobrecarregaria o sistema de defesa aérea de Israel, ainda dependendo de que tipo de ataque o Irã planeje e execute, o Irã poderia tentar destruir os radares dos mísseis Arrow para abrir passagem livre para as novas ondas de mísseis, cegando assim o Arrow 2/3.
Uma outra avaliação que também é em parte conclusiva é que essa ação foi desenvolvida unilateralmente pelo Irã, sem a colaboração ou o envolvimento dos seus proxys, provavelmente por três razões:
- ➡️O enfraquecimento generalizado dos proxys após os últimos ataques israelenses, nomeadamente a derrota estratégica e a quase destruição da estrutura de comando, e mais ainda, da estrutura moral do Hezbollah;
- ➡️A desconfiança do Irã relativamente à capacidade de comunicação e a possíveis infiltrações da inteligência israelense;
- ➡️A necessidade de mostrar liderança no Eixo da Resistência;
Alguns dias atrás, Israel atacou novamente o porto do Iêmen que recebe grande parte da ajuda material militar do Irã. Além disso, Israel fez uma grande campanha de ataque aéreo no Hezbollah no Líbano.
O ataque em abril foi uma mensagem e uma demonstração de força. O ataque foi amplamente telegrafado por 2 semanas e o Irã deu aviso prévio aos EUA para desescalar. Desta vez, o Irã não informou ninguém. A inteligência dos EUA detectou o ataque apenas 2 horas antes de acontecer. Também não houve NOTAMs emitidos no espaço aéreo iraniano, o que geralmente sinaliza um ataque iminente. O Irã também decidiu realizar o ataque apenas com mísseis balísticos, que chegam a Israel em menos de 15 minutos, dando a Israel praticamente nenhum tempo para responder.
Teremos que esperar para avaliar os danos e Israel tentará encobrir o máximo possível, como sempre. Não saberemos com certeza até que as imagens de satélite sejam divulgadas. Até lá, esperamos por uma potencial resposta israelense. Da última vez, não houve praticamente nenhuma, mas desta vez parece diferente. De qualquer forma, esta foi apenas a primeira onda e o IRGC se preparou para uma troca de mísseis que pode durar vários meses.
A propaganda
A narrativa do Irã é de que alcançou um sucesso de 90% no ataque. Em informações indiretas do IRGC, alguns afirmam terem lançado 100 mísseis, outros afirmam terem lançado 200 mísseis, como não há canal oficial do IRGC na mídia, não saberemos a extensão do ataque, além disso, eles não vão confirmar e nem negar a narrativa do Ocidente.
A narrativa israelense é que o Irã lançou cerca de 180-200 mísseis e Israel interceptou a vasta maioria - cerca de 80% - dos mísseis, isso configura um total de 144 interceptações de todos os mísseis lançados. Já a narrativa do Ocidente é de que o Irã lançou "120 mísseis balísticos (incluindo Emad-1), 170 drones e 30 mísseis hipersônicos, entre eles o Fatah-2", embora não há qualquer evidência do emprego de drones. É importante para a narrativa ocidental diminuir o sucesso do ataque iraniano e aumentar o sucesso na defesa de seus próprios meios de defesa assim como de Israel, portanto, como exemplo hipotético, se o Irã tiver 75 acertos em 100 mísseis, eles dirão que o Irã lançou 750 mísseis. Assim que a propaganda funciona.
Verdadeira implicação do ataque
Mesmo assumindo uma proporção de 1:1 de interceptadores para cada míssil iraniano (o que é muito raro e arriscado), isso significa que Israel disparou mais de 100 interceptadores Arrow. Cada um custa US$3-5 milhões. Antes de abril de 2024, Israel tinha cerca de 300 interceptadores Arrow no total. Ele usou pelo menos 50 no ataque de abril e agora usou mais de 100. Então metade de todo o seu estoque de interceptadores Arrow provavelmente está esgotado. E essas foram apenas as duas salvas iniciais do Irã. Mais duas rodadas como essa e Israel não terá mais interceptadores Arrow. Daí porque Israel é tão dependente da assistência dos EUA/Ocidente e táticas de "Shock and Awe" para evitar uma guerra de longo prazo.
Acho que muitos militares estão preocupados com os estoques de mísseis, o custo e a capacidade de substituição rápida. Quanto ao último, não é muito rápido para a maioria, então selecionar cuidadosamente alvos importantes é essencial. Desta vez, no entanto, o cálculo é diferente. Israel não só adotou uma abordagem mais proativa em seus conflitos, provavelmente impulsionada por sua economia em dificuldades, mas também seu suprimento de interceptadores BMD (Ballistic Missile Defense) está diminuindo. Várias centenas em cinco meses é uma loucura. Não tenho certeza se as linhas de produção podem lidar com isso, nem os estoques existentes. Israel deve mudar rapidamente a equação, caso contrário, da próxima vez, serão centenas de MRBMs impactando sem impedimentos em Israel, matando potencialmente milhares de uma vez, se o Irã mirar em cidades como têm evitado fazer até o momento.
Esses dois vídeos são interessantes. São imagens do ataque de 01 de outubro de 2024, talvez a imagem mais informativa sobre o ataque em meio a tantas outras. Este é um dos melhores e provavelmente o mais completo vídeo do ataque com mísseis iranianos, com mais de 110 mísseis na fase final indo em direção aos alvos e passando. A taxa de sucesso dos antigos mísseis iranianos é impressionante. Alguns dos RVs (Reentry Vehicle - veículos de reentrada) iranianos são minúsculos e outros podem ser vistos presos uns aos outros e precisam ser separados para obter o número certo. Há também outros mísseis sobre a Síria a considerar que não são vistos aqui, uma vez que os mísseis também foram lançados a partir de Tabriz.
No início você pode ver que os mísseis de defesa israelenses (Arrow 2/3) são disparados um após o outro. A separação dos mísseis Arrow 3 é claramente visível no início. Um ponto muito interessante é o momento em que os RVs iranianos são separados do booster na fase terminal. Frequentemente, os RVs são separados do booster logo após o término da fase de boost, mas aqui você pode ver que um número significativo de mísseis ainda não está separado. Todos os RVs que emitem uma luz brilhantes são momentos em que os RVs são separados dos boosters. Quanto mais tempo um RV estiver conectado ao booster na atmosfera terrestre, maior será o erro do RV, que poderia corrigir sua trajetória até certo ponto após a separação. Algumas separações tardias são estranhas. Você pode ver uma série de separações explosivas dos RVs dos boosters, uma após a outra, na fase terminal. Pelo menos 110 mísseis passaram! Uma conquista muito impressionante para o IRGC, considerando que foram usados principalmente mísseis antigos.
Este vídeo mostra que esses mísseis são muito mais avançados do que os mísseis balísticos tradicionais. Eles não seguem uma trajetória parabólica que usa a gravidade em sua segunda fase. Eles são alimentados constantemente até um período de tempo com seus próprios motores, aumentando sua velocidade e podem, em última análise, ajudar em melhores precisões. Veja a barragem de mísseis balísticos iranianos passando e sendo interceptados pela defesa aérea israelense sobre o céu de Amã, na Jordânia. Os veículos de destruição Arrow 3 de saída são visíveis, seguidos por mísseis balísticos iranianos de entrada. A maioria parece ter eventos de separação em estágio muito avançado, seguidos por seus veículos de reentrada em manobras executando programas de pull up/pull down. Acredito que esses vídeos provavelmente confirmam que Israel atingiu com sucesso no mínimo de 30% dos mísseis lançados pelo Irã, com uma taxa de sucesso de ataque individual ainda maior. Isso também reforça fortemente a suspeita de que os MaRVs (RVs) iranianos têm como objetivo corrigir a inserção de trajetória incorreta, em vez de permitir a extensão do alcance (pode ser alcançando diminuindo o tamanho e peso da ogiva) ou criar desafios de energia para o Arrow. Ainda que os 180 mísseis tenham atingido Israel representa não mais que 90 toneladas de carga letal. Essa carga é levada facilmente por 15 F-15. O ataque que matou Nasrallah foram lançados 80 toneladas de carga letal antibunker. Com a redução da ogiva, os ataques podem ter apenas efeitos simbólicos e não estratégicos, o que dificilmente saberíamos qual foi o objetivo estratégico do ataque.
No geral, o resultado na minha opinião:
➡️1. O Irã tem capacidade para superar com sucesso as defesas israelenses. Este foi o objetivo principal do ataque, demonstrar esta capacidade.
➡️2. Essas capacidades, ou seja, os sistemas são relativamente novos e o Irã desenvolveu um enorme potencial mas ainda requerem algum refinamento para os levar ao mais alto nível, isto não é realmente um problema, podem ter várias versões, algumas mais precisas e outras para as primeiras ondas um pouco menos preciso e mais barato para saturar o sistema de defesa aérea para deixar os mísseis mais modernos e letais para as ondas subsequentes. Na pior das hipóteses, não é um problema que dure muito.
➡️3. Doutrinariamente falando, o Irã não tem uma força aérea, embora esteja agora a receber Su-35E, que utilizará principalmente para abater mísseis IDF/EUA e talvez interceptar. Mas seu potencial de ataque são mísseis, que são fáceis de esconder em bunkers e podem ser dispersos, etc. Por outro lado, as IDF copiam em grande medida a doutrina americana, baseada no uso da Força Aérea, graças ao grande sucesso que tiveram na Guerra dos Seis Dias, quando vaporizaram a Força Aérea Árabe em dias. Naquela época, os árabes também dependiam de suas aeronaves para atacar porque os mísseis guiados eram uma tecnologia bastante imatura. O problema é que já se passaram 50 anos desde então. Num novo cenário, vejo mais provável que o Irã consiga neutralizar a IAF, porque não pode retirá-la para fora do país (Israel é um país pequeno), embora seja improvável que o Irã consiga destruir os F-35 no ar, não creio que sobreviverão no solo por muito tempo. Além disso, se olharmos para os houthis, os seus sistemas de mísseis ainda estão a ser lançados, ou seja, grande capacidade de sobrevivência. E quando Israel perde as suas forças aéreas, perde quase completamente a capacidade de atacar o Irã no seu solo. Deveríamos também ler que o Irã tem, portanto, a capacidade de bombardear Israel com sucesso.
➡️4. Há também uma leitura mais extensa sobre o equilíbrio de poder na área, bem como sobre a situação social interna tanto de Israel como do Irã, mas deste assunto realmente não tenho esse conhecimento amplo.
Avaliação de danos após o ataque iraniano de 01 de outubro
Após quatro dias decorrentes do ataque iraniano, algumas imagens começam a serem publicados. Sabemos que o Irã lançou mísseis de combustível sólido de várias bases, incluindo Tabriz, e mísseis de combustível líquido de sua base de mísseis em Xiraz. Os alvos, de acordo com o Irã, incluíam várias instalações de radar de defesa aérea israelense, três bases aéreas (Base Aérea de Nevatim, Base Aérea de Ovda e Base Aérea de Tel Nof) e a sede do Mossad em Glilot. Destes, parece que o ataque à sede do Mossad em Glilot foi o menos bem-sucedido. Vimos apenas dois impactos e o único impacto que caiu mesmo remotamente perto do prédio da sede o fez a cerca de 520 metros de distância do próprio prédio.


.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
Algumas imagens de alta resolução de um dos alvos, a Base Aérea de Nevatim que o Planet Labs capturou em 2 de outubro. Vale a pena falar sobre as imagens em detalhes. Conduzindo uma avaliação de danos de batalha na Base Aérea de Nevatim, se conta pelo menos 33 prováveis crateras de impacto, com provavelmente mais impactos atualmente obscurecidos por nuvens. Pode ser que o Irã tenha atingido a base com algo como 40 ogivas. As únicas conclusões são o hangar que são utilizados para aeronaves de reconhecimento eletrônico Gulfstream G550 SEMA Shavit com um impacto e demais outros impactos na pista, hangares do F-35 e aos arredores da base.

.jpg)
.jpg)
Essas são imagens da Base Aérea de Ovda, mostrando sete impactos nas instalações. Isso confirma as alegações do IRGC de que o ataque foi direcionado para três bases militares, incluindo a Base Aérea de Ovda, danos foram verificados na Base Aérea de Nevatim e na Base de Tel Nof, onde ainda não há imagens publicadas sobre os danos provocados, mas vídeos demonstram claramente que ocorreu impactos e explosões secundárias na base. Na Base Aérea de Nevatim, foram divulgados ataques extensivos aos abrigos reforçados de aeronaves que abrigam os F-35, mas a IAF
utiliza abrigos subterrâneos reforçados para os F-35.
Além da
Base de Tel Nof, dois mísseis tentaram atingir a base do Mossad, com os mísseis errando o prédio por uma margem de 400-500 metros. De toda forma, mais de quarenta impactos foram registrados visualmente, desconsiderando a narrativa de ambos os lados de quantos mísseis foram lançados, o que implica necessariamente avaliar que a defesa aérea de Israel foi saturado. Uma grande questão surge na capacidade de destruição das ogivas dos mísseis empregados, considerando que cada míssil pode carregar uma ogiva explosiva de 500 kg, os danos foram mínimos e as imagens dos impactos demonstram isso, talvez os iranianos tenham escolhido cuidadosamente escolher o objetivo de penetrar na defesa aérea ao invés de conseguir obter o máximo de rendimento e destruição de seus mísseis, deixando Israel ainda mais sem mísseis de defesa aérea David's Sling e Arrow 2/3. Alguns
especulam que o Irã utilizou ogivas de “explosão aérea” (airburst), que não deixam grandes crateras, mas lançam estilhaços num grande raio e são eficazes contra alvos dispersos como caças. Outros também
especulam de que os iranianos usaram mísseis com chamarizes/decoys, o que pode fazer algum sentido considerando a baixa velocidade de alguns veículos de reentrada que impactaram o solo de Israel.

De qualquer forma, a IDF dificilmente vai afirmar qualquer dano significativo as suas bases e operações. É da sua narrativa por meio da neblina da guerra, preservar a sua imagem de "invencível" como meio dissuasório de que suas forças são as mais competentes do mundo. Irá aplicar a censura como forma de limitar o alcance do BDA (avaliação de danos) e análises sobre a eficácia real dos seus sistemas de armas.
O que o ataque provou
Os ataques demonstram a capacidade dos mísseis balísticos do Irã de penetrar com sucesso nas defesas antimísseis de Israel. Como observado acima, o CEP de cerca de 50 metros é problemático com tais ogivas leves. Isto deveria ser melhorado em mísseis mais recentes, como o Fattah-2. Como dissemos, um ataque realmente massivo e preciso poderia colocar a Força Aérea Israelense fora de ação, o que forçaria as IDF a lutar em igualdade de condições contra os adversários na região.
Outra coisa que vocês devem ter em mente é que nem todos eram mísseis balísticos hiperprecisos. Vários sistemas diferentes foram utilizados para sobrecarregar a defesa aérea, portanto, algumas das crateras que você vê aleatoriamente no solo ou distantes não são necessariamente intencionais. Quase parece que eles estão supersaturados e alguns dos mísseis menos precisos atingiram áreas que não deveriam necessariamente atingir. Eles deveriam levar um interceptador para o míssil preciso. O Irã usou a nova geração Kheibar Shekan-2, bem como o Emad de uma década. O Emad é muito útil com sua ogiva pesada de 900 kg, mas seu CEP de 30-50 metros significa que ele não pode atingir alvos muito pequenos de forma confiável, sua missão são objetos maiores. O Irã demonstrou a sua capacidade de destruir bases aéreas israelenses em tempos de conflito. Portanto, os Emads na mistura teriam que ser usados em alvos pequenos ou muito endurecidos para os quais não possuem a precisão necessária e um CEP de ~10 metros.
Portanto:
- ➡️Se o Irã atingiu um alvo como o hangar da frota AEW de Israel, então provavelmente foi um Kheybar Shekan-2
- ➡️Se atingiu precisamente o meio de uma pista ou pista de táxi, então foi o KS-2
- ➡️Se o míssil atingir apenas 10-30 metros de distância do centro do alvo é provável que seja o Emad
- ➡️Se o míssil atingiu alvos a >100 metros e a cratera é pequena, seria provável que seja uma ogiva de fragmentação ou uma ogiva inerte sem carga útil
- ➡️Se o míssil atingiu alvos além de 100 metros com uma grande cratera, ou foi interceptado ou realmente errou o alvo
Importante:
- ➡️Nenhuma falsificação e interferência de GPS/GLONASS ajudou a conter o ataque seja pelo EUA ou por Israel
- ➡️Nenhum ativo de sabotagem
- ➡️Nenhum sistema de reconhecimento secreto baseado em espaço
No último ataque, em abril, o Irã evitou o uso do Kheibar Shekan-2 e recorreu a mísseis mais antigos. Num cenário de guerra real, o Irã utilizaria os seus mísseis de alta precisão contra alvos pequenos e reforçados. Embora os menos precisos fossem usados contra vários alvos grandes.
Sendo assim:
- ➡️O Irã mostrou a sua “misericórdia” ao atacar hangares e pistas de taxiamento. Se o objetivo fosse o máximo de dor nas bases aéreas, não o teria acontecido.
- ➡️Foi uma demonstração de capacidade para um cenário de guerra de alta intensidade em que a perda das pistas por apenas 1-2 dias poderia decidir a guerra.
- ➡️Israel depende muito de sua força aérea. A degradação do seu poder por apenas 1-2 dias pode permitir explorações pesadas por parte dos seus adversários.
Israel utilizou vários mísseis de defesa aérea e parece que não houve economia de lançamentos para conter o ataque. As taxas de produção do Arrow 2/3 são classificadas, mas o Arrow 3 é mais caro que o SM-3, custando cerca de US$50 milhões por interceptador. Você pode ver muitas autoridades israelenses falando sobre a
necessidade de reduzir o custo dos interceptadores e aumentar as taxas de produção.
Alguns dos vídeos que
destacam a realidade da guerra ABM. Este é um confronto entre Kheibar Shekan-2 e DAAe israelense. Depois que os israelenses não conseguem se engajar, o mecanismo de autodestruição é ativado e os mísseis iranianos continuam seu caminho. A trajetória de voo reduzida, alta velocidade e capacidade de manobra em velocidades hipersônicas são a chave. As vantagens do novo RV do KS-2 para passar pelas camadas de defesa israelenses. Esta foi uma derrota terrível para Israel, que é mais dolorosa do que os danos nas suas bases do ponto de vista técnico. Com este fracasso, as cidades israelenses não estarão seguras mesmo contra alguns KS-2 lançados. Em outras palavras, a DAAe israelense pode ser derrotado mesmo sem saturação. Com esta arma, o IRGC levou a arma ao ponto muito sensível de Israel.
Outro vídeo do fracasso da DAAe israelense que estava claramente sobrecarregado. O fracasso catastrófico da DAAe israelense pode ser visto
aqui. Nem um único RV iraniano é interceptado, todos passaram, embora alguns RVs estejam chegando, então os mísseis Stunner/Arrow 2 não têm escolha a não ser ativar o mecanismo de autodestruição.
O argumento de que Israel deixou passar porque claramente estava calculando a rota de impacto é incerta, além de ser duvidoso. O Iron Dome funciona dessa maneira calculando a rota de voo e o local do impacto com base nos foguetes burros de pequeno alcance do Hamas e Hezbollah, com o alcance extremamente reduzido, o Iron Dome calcula o local do impacto e se o míssil Tamir já tivesse sido lançado, ele se autodestruiria no ar. Acontece que com os mísseis balísticos, a lógica é diferente, os RV podem cair em um amplo local que não permite a DAAe calcular corretamente o impacto do míssil, as imagens comprovam que os hangares do F-35 poderiam ter sido acertados, mas para a sorte de Israel acabou caindo a alguns metros do hangar.

Além disso, podemos ver essa realidade nos alertas aéreos que soam nas cidades que há prováveis chances de cair o míssil. Esse foi um alerta de um ataque de apenas um único míssil balístico dos Houthis. Bastou um míssil para causar isto. Embora seja uma grande escalada, está claro que a maioria das pessoas ainda não entende como esses mapas realmente funcionam. Eles não mostram o número de foguetes nem identificam alvos específicos. Eles apenas marcam “zonas de risco potencial”. Quando os foguetes são lançados de longe, como neste caso do Iêmen, a precisão da localização da zona de ataque diminui drasticamente. Por precaução, toda a região é iluminada com sirenes de alerta vermelho, só para garantir. Felizmente, o míssil foi interceptado fora da zona de risco e ninguém esteve realmente em perigo,
graças ao sistema de defesa Arrow 2.
Como Israel pode responder?
Em 19 de abril após o ataque iraniano, os relatórios estrangeiros concluíram que Israel retaliou com um ataque muito simbólico visando humilhar o IRGC. Israel
atacou com munição inerte um radar iraniano no meio de uma bateria S-300 (Oitava Base Aérea de Shekari) nas profundezas do Irã em Isfahan localizado a apenas 22 km do Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan, que abriga reatores de pesquisa nuclear, uma usina de conversão de urânio e uma usina de produção de combustível, entre outras instalações, além de estar cerca de 105 km ao sul da usina de enriquecimento de urânio de Natanz. Vários especialistas argumentaram que a lógica por trás do ataque ao Irã era mostrar aos iranianos as capacidades da IAF e as vulnerabilidades das defesas ao redor de suas instalações nucleares. O ataque de fato mostrou aos iranianos suas fraquezas atuais. Mas certamente os estimulou a encontrar uma solução apropriada, com ajuda russa, em preparação para o próximo ataque das IDF.
A doutrina de segurança de Israel, conforme construída por seu primeiro primeiro-ministro, David Ben-Gurion, repousa sobre três pilares: dissuasão, alerta precoce e iniciativa ofensiva. No início dos anos 2000, sob a liderança de Dan Meridor, um quarto pilar foi adicionado – defesa – devido ao reconhecimento de que em campanhas militares modernas, ataque e defesa são igualmente importantes. Israel deve escolher seus alvos de uma forma que impeça o Irã de conduzir tais ataques em um futuro próximo e desacelere maciçamente sua produção. Portanto, podemos presumir que o IDF atacará dezenas de locais ao redor do Irã. Devido à urgência, se espera que alguns também sejam direcionados a ativos nucleares. Este é um casus belli como nenhum outro. Acontece que não é tão fácil assim, ainda mais depois de Israel revelar suas muitas capacidades ofensivas – uma revelação que poderia permitir que seu inimigo número um se preparasse para o próximo ataque, Israel deveria ter se contentado com a conquista de ter "parado" o ataque do Irã em um esforço multilateral, incluindo com nações árabes.
Israel historicamente tem como alvo o programa nuclear do Irã por meio de sabotagem relativamente limitada na forma de ataques cibernéticos, assassinatos de cientistas e bombas colocadas em instalações nucleares iranianas. Essa estratégia permitiu que Israel tentasse repetidamente retroceder no progresso nuclear do Irã, mantendo algum nível de negação credível e evitando uma escalada militar adicional, portanto, permanecendo amplamente dentro das "regras" estabelecidas por Israel e Irã na condução de sua guerra nas sombras. Agora, com ambos os países atacando abertamente o território um do outro, Israel pode ver isso como uma oportunidade — ou se sentir compelido — a atingir as instalações nucleares do Irã diretamente.
Meios de resposta
Dentre as mais citadas alternativas de resposta de Israel incluem:
- ➡️1. Atacar as instalações nucleares (interior do Irã) - Objetivo Estratégico
- ➡️2. Atacar as instalações petrolíferas (Golfo Pérsico e litoral do Irã) - Objetivo Financeiro/Econômico
- ➡️3. Atacar as bases navais e aéreas (litoral e interior do Irã) - Objetivo Militar
- ➡️4. Atacar a alta liderança iraniana como forma de decapitação (Teerã) - Objetivo Político
- ➡️5. Atacar as milícias iraquianas e sírias - Objetivo Estratégico
1. Atacar as instalações nucleares (interior do Irã) - Objetivo Estratégico
Se o Irã antecipar que Israel está se preparando para realizar ataques contra suas instalações nucleares, ele pode decidir se apressar para produzir uma arma nuclear antes que Israel tenha tempo de infligir qualquer dano significativo em sua capacidade de fazê-lo rapidamente. Por sua vez, esperando um impulso antecipatório para a armamento por Teerã, Jerusalém pode ser incentivada a realizar ataques para impedir que o Irã adquira uma arma nuclear. A disparidade nos cronogramas aqui favorece Israel e cria risco para o Irã: o primeiro poderia tentar um ataque em um curto período — talvez dias ou semanas — enquanto o Irã provavelmente levaria alguns meses a partir do ponto de decisão para ter uma arma viável, embora as estimativas permaneçam incertas.
No entanto, por meio do estado avançado de seu programa nuclear, o Irã pode ser capaz de fazer avanços significativos em direção a uma arma nuclear implantável antes que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — ou mesmo a inteligência israelense — perceba os desenvolvimentos, o que limitaria o tempo que os planejadores israelenses teriam para montar uma resposta preventiva.
O complexo nuclear iraniano é muito disperso, as principais instalações são muito reforçadas e a expertise nuclear é muito consolidada para ser eliminada por meio de ataques militares limitados. As instalações de enriquecimento de urânio do Irã em Natanz e Fordo, onde o Irã produz o material físsil necessário para produzir armas nucleares, são totalmente (no caso da instalação de enriquecimento em Fordo) ou parcialmente (em Natanz) subterrâneas e são fortemente defendidas. Qualquer ataque israelense que causasse danos a outras instalações nucleares iranianas — como suas instalações de produção de centrífugas ou conversão de urânio, ou mesmo o reator de pesquisa de água pesada Khonab, ainda não operacional — atrasaria o programa, mas, em última análise, deixaria o Irã com a capacidade de continuar aumentando seu enriquecimento de urânio, potencialmente avançando para a produção de urânio de grau militar (enriquecido a 90% de urânio 235). Qualquer trabalho que o Irã esteja realizando atualmente para transformar sua tecnologia nuclear em arma — mesmo que a comunidade de inteligência dos EUA avalie que não está sendo feito — provavelmente seria realizado em locais dispersos e não revelados, tornando a seleção de alvos militares muito desafiadora.
O efeito contraproducente de um ataque limitado ao programa nuclear do Irã poderia levar Israel a considerar uma operação militar em larga escala para atrasar o programa o mais decisivamente possível. Essa opção, no entanto, quase certamente resultaria em uma guerra total e altamente destrutiva entre o Irã e Israel, provavelmente arrastando outras fações regionais, os Estados Unidos e possivelmente outros para o conflito. Para reverter significativamente o programa nuclear iraniano com uma operação militar, ataques precisariam ser realizados em instalações espalhadas pelo território iraniano e exigiriam a supressão das defesas aéreas iranianas (e possivelmente sírias). A operação também precisaria de ataques a bases de mísseis balísticos e outros locais militares a serem realizados, pois eles poderiam ser usados em qualquer resposta iraniana imediata. Ataques a instalações subterrâneas em Fordo e Natanz exigiriam o uso de armas capazes de penetrar várias dezenas de metros de rocha e concreto armado antes de explodir dentro das instalações. A única arma convencional que poderia plausivelmente
conseguir isso é o americano GBU-57A/B MOP, que — com mais de 12 toneladas métricas e 6 metros de comprimento — só pode ser transportado por grandes bombardeiros americanos como o B-2 Spirit.
Essa realidade tática e a escala da força necessária para atingir tantos alvos quase simultaneamente sugerem que um ataque bem-sucedido contra a maior parte do programa nuclear do Irã exigiria amplo apoio dos EUA, se não envolvimento direto. Mesmo esse tipo de ataque — que infligiria violência severa em todo o território iraniano — não garantiria a destruição total do programa nuclear do Irã. A IAF vem se
preparando para fazer isso há bastante tempo. Além disso, eles podem atacar as instalações nucleares com bombas nucleares através dos mísseis Jericho.


.jpg)
2. Atacar as instalações petrolíferas (Golfo Pérsico e litoral do Irã) - Objetivo Financeiro/Econômico
Estes são mapas da infraestrutura de petróleo e gás mais críticas do Irã. É bem provável que um dos primeiros alvos nessa direção que Israel atingirá no Irã será a gigantesca refinaria de petróleo em Bandar Abbas, porque esse local fornece 40% da produção nacional de petróleo iraniana, se for destruído - irá colocar o Irã em uma situação econômica difícil assim como o resto do mundo.

O Irã é um membro da OPEP com produção de cerca de 3,2 milhões de barris por dia ou 3% da produção global. Suprimentos brutos que somam cerca de um quinto da demanda global e uma grande quantidade de gás natural liquefeito passam pelo Estreito de Ormuz ao longo da costa iraniana. Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Catar enviam remessas pela principal hidrovia. As exportações de petróleo iraniano subiram este ano para quase máximas de vários anos de 1,7 milhões de bpd, apesar das sanções dos EUA. Refinarias chinesas compram a maior parte de seu suprimento. Pequim diz que não reconhece sanções unilaterais dos EUA. Embora a OPEP tenha
capacidade excedente suficiente para compensar a perda de suprimentos iranianos, grande parte dessa capacidade está na região do Golfo do Oriente Médio e é potencialmente vulnerável caso o conflito se intensifique ainda mais.
Todos os campos de petróleo e gás explorados (desenvolvidos/não desenvolvidos), todas as refinarias de petróleo e gás existentes, em construção e planejadas, plantas petroquímicas e oleodutos/gasodutos/oleodutos e oleodutos de produtos petroquímicos, plantas de GNL e estações de reforço de gás, blocos de hidrocarbonetos, inserções das plantas petroquímicas em Assalouyeh, além de outras infraestruturas de energia podem ser passíveis de serem alvos de um grande bombardeio da IAF.
Para aumentar ainda mais os riscos para o mercado global de energia, o Irã como medida de retaliação, poderia fechar o Estreito de Ormuz, assim como em uma ação combinada atacar os países produtores de petróleo do Golfo e do Oriente Médio, o Irã e seus representantes poderiam potencialmente mirar operações de energia em outras partes da região para internacionalizar o custo se a crise atual se transformar em uma guerra total.

.jpg)
.jpg)

Em 2019, um
ataque de drones por agentes iranianos (hotuhis) às instalações de processamento de petróleo sauditas
interrompeu brevemente 50% da produção de petróleo bruto do reino, o alvo que claramente poderá ser atacado é a Arábia Saudita novamente como um esforço de escalar a guerra.
Tais ataques podem estar alinhados com outros alvos da infraestrutura econômica como instalações de energia e redes de distribuições.

3. Atacar as bases navais e aéreas (litoral e interior do Irã) - Objetivo Militar
A resposta mais direta seria Israel tentar atacar o conjunto de bases de mísseis e drones do Irã, que estão localizadas no subsolo e, em alguns casos, bem abaixo das montanhas. Embora seja possível bombardear e selar entradas, as bases são projetadas para resistir a todos os maiores explosivos convencionais e atacá-las pode não impedir ataques futuros. Alternativas poderiam se repetir o ataque às bases de defesa aérea iranianas – desta vez em uma escala maior – que cobrem Teerã, Isfahan e portos no Golfo Pérsico. Ou um ataque mais complexo poderia ter como alvo a produção militar-industrial, como uma repetição mais aberta do ataque de drones a uma fábrica de armas em Isfahan em janeiro de 2023. No entanto, todos esses ataques carregam a possibilidade de erro de cálculo e risco de baixas não previstas.
Os alvos mais coerentes nessa abordagem são as bases navais e aéreas próximos do litoral. Alvos do IRIN/IRGCN, IRGCASF/IRIAF e NEZAJA/NEZSA, tais como bases aéreas, bases navais, portos e aeroportos usados como instalações militares, depósitos e armazéns de materiais, entre outros tipos de alvos militares podem ser
passíveis de serem alvos da campanha de bombardeio de Israel. Acredito que também pode ser uma das prioridades plataformas de lançamento, centros de comando e controle, tanques de reabastecimento e bunkers de armazenamento envolvidos na força de mísseis do Irã.
4. Atacar a alta liderança iraniana como forma de decapitação (Teerã) - Objetivo Político
O alvo mais compensador seria o líder supremo do Irã, Ali Khamenei. Israel poderia tentar a decapitação de Khamenei como uma forma de resposta proporcional ao ataque do Irã do dia 01 de outubro. A tarefa não é trivial e exigiria esforços conjuntos com aliados, como o Azerbaijão que, segundo rumores, assinou um contrato bilateral para a IAF usar bases aéreas no país, seria um meio mais curto para atingir Teerã na tentativa de decapitação da liderança iraniana. Especulou-se que Israel havia
obtido acesso a três bases aéreas na fronteira entre o Azerbaijão e o Irã para lançar ataques ao Irã, de acordo com relatos da mídia israelense, com F-35s já sendo enviados ao país azeri para exercícios.
5. Atacar as milícias iraquianas e sírias - Objetivo Estratégico
Essa abordagem seria a alternativa mais contida em termos de desescalada, proporcionaria benefícios fundamentais para Israel, com potenciais efeitos estratégicos. Se ao invés de atacar diretamente qualquer alvo no Irã e direcionar seus movimentos para conter e enfraquecer o Eixo da Resistência na Síria e Iraque, o Irã seria severamente enfraquecido, porque não haveria mais rota terrestre para o Líbano, influenciando significativamente o apoio iraniano ao Hezbollah, o que acabaria com todos os efeitos consequentes da criação e arquitetura do Eixo de uma década, Israel não tem os meios para empregar a IDF nesses países, mas pode contar com aliados informais para isso, fornecendo apenas o apoio aéreo. Seria uma resposta mais longa mas que alcançaria resultados tangíveis e ao alcance de Israel sem subir a escada da escalada contra o Irã, levando a região para uma guerra aberta entre os dois Estados.
Um exemplo foi um
ataque da IAF no sul da Síria, bombardeando posições de defesa aérea e radares em uma campanha SEAD. Israel conseguiu debilitar os sistemas de alerta precoce, radares e defesas aéreas em várias bases ao sul da Síria. Foi definitivamente uma bem-sucedida campanha SEAD que pode produzir outros efeitos na condução da estratégia maior de Israel.
Outros tipos de respostas foram desconsideradas como a tentativa de decapitar todos os cientistas nucleares do Irã, o que certamente pode estar dentro das capacidades do Mossad/AMAN. A depender que tipo de resposta Israel realizar, ele dará uma mensagem de que não tem os meios convencionais para conduzir uma campanha significativa de contraforça (https://en.wikipedia.org/wiki/Counterforce) (valor militar), portanto, vai recorrer a ataques de
contravalor (valor civil/econômico) para sustentar sua postura de dissuasão.
As opções 1, 2, 3 e 4, dependendo da escala do ataque, Israel terá que contar com apoio americano/aliado para REVO ou para operar em algumas bases aéreas avançadas em algum lugar intermediário entre Israel e Irã. Por exemplo, para chegar ao Irã, a IAF teria que traçar algumas rotas:
- ➡️1. Israel > Síria > Iraque > Irã (Muito Provável)
- ➡️2. Israel > Jordânia > Iraque > Irã (Provável)
- ➡️3. Israel > Arábia Saudita > Irã (Incerto)
- ➡️4. Israel > Turquia > Irã (Difícil)
Todas as duas opções prováveis estão na mesa. A rota que vai ao Azerbaijão não está. Bastante difícil Israel fazer isso sem o Azerbaijão se comprometer sabendo-se que haveria retaliação se um grande ataque ocorresse em Teerã. Na rota para a Síria, os EUA com aliados já
construíram uma pista de pouso temporário em Al Tanf. No Iraque, os americanos
tem a Base Aérea Al-Asad que podem fornecer uma FOB para a IAF sustentar seu ataque ao Irã. Tudo ainda muito especulativa mas dentro das possibilidades que Israel poderia ter.
Obs: Texto publicado originalmente no dia 03 de outubro de 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário