Conceito Operacional Convencional Dissuasório Russo contra OTAN - Parte 4
A doutrina russa (e também soviética) é que eles estariam em desvantagem no ar e em risco de perder o controle do mesmo. Por isso, investiram pesado em SAMs com capacidade de sobrevivência para impedir o uso do ar pelo inimigo. Em comparação, a doutrina chinesa atual é projetar poder offshore e obter superioridade aérea sobre toda a Primeira Cadeia de Ilhas. Isso deveria ser viável, considerando o que vemos em termos de aquisição militar chinesa e a situação da oposição. Nesse cenário, significa que os militares chineses enfrentam apenas um punhado de bases aéreas e porta-aviões adversários. Os ataques de mísseis recebidos devem ser facilmente administráveis.
A doutrina soviética/russa não exigia superioridade aérea, mas assumia alguns graus de paridade, pois o apoio aéreo era fortemente considerado. Por exemplo, eles tinham muitos aviões de ataque tático, helicópteros de ataque, um ramo inteiro das forças armadas dedicado ao uso de aeronaves de carga maciças para lançar divisões de paraquedistas e seus equipamentos pesados (as tropas aerotransportadas soviéticas/russas não são infantaria leve como as dos EUA/Reino Unido, são infantaria mecanizada).
A doutrina russa também utiliza aeronaves para defesa aérea. É por isso que o MiG-31 foi desenvolvido. O Su-35 e o Su-30 também estão conectados ao IADS. O principal problema provavelmente é que, historicamente, os soviéticos tinham ramos separados de defesa aérea. Um era em veículos móveis sobre esteiras para cobrir o exército em avanço, e outro era sobre rodas para cobrir locais estratégicos fixos. Por exemplo, o exército (SV) tem o Tor, enquanto a força de defesa aérea (VKS) tem o Pantsir. O SV tem o Buk-M3 e a VKS tem o S-350. O SV tem o S-300V4 e a VKS tem o S-400/500.
Aqui está um ponto central da doutrina aeroespacial do VKS:
eles nunca foram criados para fazer nada além de atuar dentro de sua zona de combate tático e isso é viável desde que seu desempenho/missão esteja dentro da zona de defesa aérea protegida por meios de defesa aérea em terra - os SAMs. Tem sido assim desde a consolidação do VKS com a reorganização de 2015, formando um único serviço conjunto dos sistemas de defesa aérea de campo das forças terrestres (PVO-SV) e da força aérea russa (VVS) dentro do VKS.
Os russos sabem que o problema com a defesa em camadas de um IADS é a saturação da defesa aérea e a furtividade. Os russos não podem e não poderiam criar bolhas antiacesso como os mapas desenhados demonstram, eles confiam em uma estratégia de atrito, não de negação de área. O VKS com sua aviação é uma parte fundamental dessa estratégia para engajar qualquer aeronave que tente penetrar nas áreas defendidas, ainda mais aquelas que tentam saturar a defesa aérea russa em terra com furtividade e saturação, o VKS é parte dessa estratégia de atrito.
O sistema de defesa aérea como rede estratégica é uma combinação de radares, defesa aérea integrada, aviação tática/estratégica e defesa antimísseis. O LRA, como componente estratégico da aviação das Forças Aeroespaciais Soviéticas (VKS), é parte fundamental disso, atacando preventivamente o poder aeroespacial inimigo, tentando destruir o máximo de aeronaves em solo possível.
Vários dos conceitos atribuídos a essa estratégia podem ser vistos na guerra na Ucrânia. Inicialmente, o VKS usou o LRA para atacar preventivamente a Força Aérea da Ucrânia (UkrAF). Embora eu tenha quase certeza de que a estratégia de invasão russa tenha sido uma capitulação russa de Kiev por meio do Shock and Awe, os ataques aéreos iniciais nunca fizeram parte de uma estratégia para liquidar a UkrAF nos momentos iniciais da guerra, seja por falta de capacidade ou por falta de uma estratégia própria para atingir esse objetivo de forma eficaz.
Os russos perderam muitos caças tentando lutar de uma forma que nunca foram treinados para fazer, realizando missões de apoio aéreo ofensivo para unidades terrestres e tentando eliminar os sistemas IADS ucranianos perto da linha de frente que forneciam cobertura aérea para unidades terrestres. O VKS passou boa parte de seu tempo sendo ineficaz apenas conduzindo CAPs abatendo algumas aeronaves ucranianas e não fazendo mais nada, seu papel retornou na atividade de apoio com os kits UMPC/UMPK/UMPBs, mas antes sua tarefa era quase certamente restringida, ainda mais quando já era era claro que no verão de 2022, o avanço russo começaria a estagnar, a mudança foi verdadeiramente visível com a mudança de comando para Surovikin.
Desta forma, os russos retornaram ao seu papel original de atrito, com o VKS permanecendo em funções de CAP enquanto usavam bombardeiros para atacar instalações de energia ucranianas, com a implementação dos kits UMPC/UMPK/UMPBs, isso levou a tornar o VKS ativo novamente em combate em apoio às forças terrestres, que havia sido restringido após o verão de 2022.
A partir do momento em que o inimigo começa a eliminar os radares da VKS, imediatamente começa a atacar o poder aéreo da VKS e, em seguida, lida com os inúmeros sistemas de defesa aérea PVO-SV, os russos apostam nesse desgaste para degradar o poder das forças aéreas inimigas, deixando-as com pouca ou nenhuma munição ou com falta de aeronaves. Porém, enquanto o inimigo não ficar sem nenhuma das duas, os russos não seriam mais uma força militar com capacidade.
Vale ressaltar que a estratégia russa aqui está longe de ser anti-acesso. Essa estratégia de uma bolha defensiva de negação enquanto os russos absorvem todos os ataques enquanto a aviação permanece parada nos aeródromos não é verdadeira. Os russos sempre consideraram a defesa proibitiva em termos de custos e, portanto, focaram em uma estratégia de limitar os danos ofensivos e derrotar funcionalmente o oponente.
Há pessoas no Ocidente, até mesmo em think tanks, que acreditam que os russos se esconderão atrás de sistemas de defesa aérea enquanto são implacavelmente atacados pelo poder aeroespacial inimigo, mas isso está fundamentalmente longe da estratégia russa.
O que quero deixar claro aqui é que a VKS está fazendo o que sempre lhe foi atribuído, nenhuma outra tarefa poderia ser realizada pelo poder aéreo russo porque eles nunca foram moldados para executar mais tarefas atribuídas, os russos nunca tiveram a mesma adesão doutrinária que o poder aeroespacial semelhante ao Ocidente e nunca terão por várias razões.
Portanto, a comparação com a OTAN não faz sentido. Primeiro porque suas aeronaves de apoio e multiplicadores de força como AWACS/AEW&C, REVO, JSTARS, ELINT/SIGINT, entre outros, precisam operar de uma base a partir de terra, não aceitando qualquer pista (precisam ser pistas compridas) nem qualquer infraestrutura de apoio, todas essas bases na Europa já são vigiadas e reconhecidas pelos russos que poderiam realizar ataques preparatórios e anteceder qualquer ataque contra a Rússia. A vantagem sobre a Rússia diminuiria acentuadamente sem essas aeronaves multiplicadores de força, nivelando o combate aéreo, se tornando aquilo que vemos na Ucrânia.
Esse é o maior mal entendido sobre a doutrina russa que não é A2/AD que a China seguiu.
As forças russas são organizadas em torno de operações estratégicas ofensivas/defensivas que não sugerem a intenção de se recolher em uma bolha defensiva e ser engolido por um ataque aeroespacial liderado pelos EUA. Para anular essa vantagem do poder aeroespacial americano, eles atacariam preventivamente qualquer grande base aérea que seja o centro de operações dessas aeronaves multiplicadoras de forças, eles usariam sua aviação estratégica composto por bombardeiros estratégicos que podem disparar tanto o Kinzhal quanto mísseis de cruzeiro de longo alcance, além do MiG-31K para empregar o Kinzhal, o VMF também usaria seus navios para lançar mísseis de cruzeiro de longo alcance e o Oreshnik (míssil antes proibido pelo tratado INF) como um componente terrestre complementar de toda a força de ataque convencional russa tornaria as coisas ainda mais difíceis para a OTAN.
A diferença entre um ataque russo contra a OTAN e um ataque da OTAN contra a Rússia é que diferente dos EUA, toda a Europa carece de defesas aéreas, então, as chances da saturação dos sistemas de defesa aérea da OTAN são extremamente altos.
Cabe destacar que a doutrina russa é diferente do Ocidente, especialmente dos EUA. Eles tiveram a validação dessa sua doutrina na Guerra do Yom Kippur, veja a Operation Model 5 ou Air Battle of Mansoura. Baterias móveis são difíceis de localizar, designar e destruir. Claro que, desde o Yom Kippur até aqui, muita coisa mudou em termos de defesa aérea e SEAD/DEAD, mas ainda assim, o conceito ainda é válido para se observar na doutrina soviética/russa. A batalha do vale de Bekaa houve imprudência e arrogância árabe. O acúmulo de SAMs desde junho de 1981 vinha ocorrendo e os operadores se tornaram arrogantes o suficientes para se acostumar com os voos de reconhecimento de UAVs da IAF e não camuflavam seus sistemas e nem mudavam de posição. A IAF passou a realizar o reconhcimento com UAVs e passou a treinar seus pilotos no deserto de Negev contra posições SAMs idênticas as encontradas no Líbano.
Já em 1973, Israel conseguiu atravessar o rio porque o Egito foi tolo o suficiente para avançar além da cobertura de suas próprias defesas aéreas e enfrentou duas realidades na batalha aérea contra a IAF em que perdeu 28 aeronaves em apenas um único dia. Israel conseguiu terminar se entrincheirando a oeste do canal, o que se deve ao custo do Egito de ter avançado além da cobertura de sua própria defesa aérea.
Vale destacar que desde antes da queda da URSS, os russos já estavam cientes do grande poderio aeroespacial americano, eles jamais poderiam igualar essa capacidade, a abordagem foi uma mistura de uma grande variedade e abrangência de sistemas SAMs com uma aviação capaz de confrontar decisivamente o poder aeroespacial americano.
Isso é válido até hoje. O VKS junto as defesas aéreas, seriam capazes de resistir ao poder aeroespacial americano ou limitar os danos do poder aeroespacial dos EUA, os russos nunca foram capazes de conquistar a superioridade aérea contra os americanos, a concepção doutrinária previa isso, mas uma paridade aérea era alcançável, o que estimularia o que estamos vendo na Ucrânia atualmente, onde cada força aérea só teria como dar apoio marginal as forças terrestres, incapazes de mudar a frente estática da guerra, e isso para os americanos é ainda pior, porque eles confiam na USAF para conquistar a superioridade aérea e avançar sobre as formações terrestres russas, desse modo, o apoio marginal da USAF teria degradado especialmente as operações terrestres do US Army.
Além disso, os multiplicadores de força aeroespacial não podem voar de bases muito distantes, porque isso afetaria sua permanência no ar, se eles quissesem permanecer no ar por muito tempo realizando a vigilância isso dependeria de uma quantidade maior de aeronaves REVOs, isso diminui surtidas de cada aeronave. Cada aeronave ISR teria que decolar de muito longe para não ser alvo do fogo de mísseis da Rússia, toda a Europa está ao alcance desses mísseis russos, seria uma operação de logística muito abrangente e precisariam de muitas aeronaves REVOs para sustentar a permanência da aeronave no ar.
É bem provável que os russos não consigam eliminar totalmente essas aeronaves de apoio da OTAN, mas as chances dos russos limitar esse apoio por causa da presença da ameaça de ataques aéreos de longo alcance contra as bases dessas aeronaves é grande, a OTAN precisaria utilizar bases muito distantes que afetaria a permanência de cada aeronave no ar, para conseguir superar essa desvantagem, eles precisariam de muitas aeronaves REVOs, dessa maneira, cada aeronave teria ser reabastecido pelo menos uma única vez ou duas vezes para chegar ao teatro e permanecer no ar para dar apoio as unidades da OTAN, mas como eu disse, mesmo que a OTAN consiga realizar isso, o número de surtidas diárias diminui com essa intensidade de operação e o alcance necessário para as aeronaves pousar, descansar, depois reabastecer e retornar ao teatro.
Já na contraparte naval, a marinha da OTAN não pode fazer muita coisa em relação a Rússia, no Báltico o mar é fechado assim como o Mar Negro, operações são arriscadas por causa da presença de SSKs russos, além disso, no Mar do Norte há a presença de SSNs russos, eles teriam que realizar sua própria defesa ASW, além disso, o VMF é voltado a ser uma marinha de mísseis, cada navio do VMF há poder de fogo massivo, eles estão longe de serem uma ameaça nula, apesar de não terem realmente uma frota de superfície moderna, o poder de fogo é suficiente para trancar ambos os navios da OTAN em mares fechados, além disso, duvido muito de que a Rússia não esteja tentado o suficiente para atacar as bases navais da OTAN, Toulon, por exemplo, seria um alvo valioso demais para passar despercebido por um Oreshink.
A aviação estratégica russa é composto por 129 bombardeiros, a maioria sendo Tu-22M3/MR e Tu-95MS, com uma pequena quantidade adicional sendo Tu-160. O LRA é composto por 77 dessas aeronaves divididos em quatro esquadrões, eles tem mais do que o suficiente para fornecer uma grande frota de bombardeiros para ataques aéreos convencionais e manter uma reserva operacional no caso de uma guerra nuclear, até mesmo porque todos os bombardeiros não podem estar certificados para a missão nuclear. Além disso, mesmo que toda a sua frota de bombardeiros seja usado para atacar a OTAN, os russos ainda teriam a parte mais importante da tríade nuclear, a força SSBN que teria zarpado para se esconder nas calotas polares só esperando o sinal positivo para o ataque, eles podem ficar meses na posição até o suprimento da tripulação acabar.
A OTAN certamente tem defesas aéreas, muito por causa dos EUA que tem 480 Patriots divididos em oito brigadas. Nenhum país da OTAN tem defesa comparável aos EUA, muito menos a Rússia que tem mais que os EUA em apenas um único ramo (VKS), em torno de 582 SAMs de longo alcance divididos em:
160 S-300PS (RS-SA-10B Grumble); 150 S-300PM1/PM2 (RS-SA-20 Gargoyle); 20S-300V (RS-SA-12 Gladiator/Giant); 6 S-350 Vityaz (RS-SA-28); 248 S-400 (RS-SA-21 Growler). É por isso que um grande ataque aeroespacial contra a Rússia teria que ser uma grande força tarefa, porque os russos além de contar com a maior rede SAM do mundo, pode usar contramedidas de interferência (ECM dos sistemas de terra com energia e processamento superior), distancias (JDAM e SDB terão que chegar ao alvo e lembrando que os radares podem ser deslocados facilmente em menos de meia hora - no caso de Nebo-M menos de 15 min), solução de tiro (complexos de defesa KB “Radar” estão sempre por perto emitindo monte de sinais falsos – térmicos e EM) e unidades de autodefesa (Buk, Tor, Pantsir) em volta, logo vai precisar montar uma força tarefa para caçar cada radar.
Eu não preciso dizer que os EUA jamais colocariam todos os Patriot na Europa, eles tem teatros globais distribuídos para demandar sistemas SAMs como na Ásia como Coreia do Sul, Guam e Japão e o Oriente Médio.
Os navios americanos e europeus certamente poderiam estender a defesa aérea terrestre, mas isso é um desperdício de recursos tornando os navios da OTAN menos envolvidos nas operações navais e mais envolvidos nas operações defensivas contra os mísseis russos. Se eles quiserem realmente se defender contra os russos, eles poderiam contar com a ajuda complementar da força naval, mas isso eliminaria a vantagem que a OTAN teria na guerra naval. Não preciso dizer que isso é uma realidade completamente diferente sobre a força naval da OTAN. Simplesmente deixar de abdicar de preencher o VLS com mísseis antinavio e ataque terrestre para preencher apenas com SAMs é um completo desperdício. Eles jamais fariam isso.
Como dito anteriormente, AWACS/AEW&C, JSTARS, ELINT/SIGINT, tudo isso a OTAN teria que realizar um complexo planejamento operacional para não ser atacado por mísseis russos, o que requisitaria bases muito distantes além de uma ampla operação de reabastecimento constante para esses multiplicadores de força. Veja que de uma forma ou outra, o poder aéreo ocidental pode ser afetado, simplesmente restringindo as surtidas diárias - seja das aeronaves ISR ou da frota aérea tática, isso torna a superioridade aérea ocidental no mínimo questionável.
Pra ser sincero, nem mesmo a Rússia espera que ganhe uma guerra convencional contra a OTAN, isso na minha opinião é indiscutível, a Rússia perderia uma guerra convencional contra a OTAN na condição igual de ambos os lados se mobilizando, mas veja que diferente do cenário de triunfalismo ocidental, a OTAN sofreria pesadas perdas (perdas aéreas principalmente) e o seu poder aéreo poderia ser restringido impedindo a aviação ocidental de apoiar decisivamente as unidades terrestres.
Veja a Operação Força Aliada. Foram necessários ~80 aviões SEAD dedicados para suprimir 23x SA-3/SA-6 da década de 1960. No final, a OTAN destruiu 3 de 23 e os SAMs sérvios derrubaram 1x F-18 e 1x F-117. SAMs implantados em grande número com cobertura interligada são extremamente difíceis de destruir. Lembro-me de ver um vídeo no YT sobre a simulação de uma missão DEAD da OTAN contra 1x bateria S-300 na Síria. Foram necessários algo como $3 bilhões em aeronaves para sobrepujar uma única bateria S-300 que custava ~$100 milhões. Você precisaria ser a OTAN para suprimir a defesa aérea de um país pequeno como a Sérvia.
Os americanos construíram uma forte ofensiva aérea, os soviéticos construíram uma forte defesa aérea. A defesa aérea americana é principalmente aviões. Os SAMs que a OTAN tem são em menor número, com caças fazendo o trabalho pesado. Então, para os soviéticos:
Já que a defesa aérea da OTAN é aviões, os SAMs e os caças de superioridade aérea e interceptadores são SEAD/DEAD.
Os soviéticos esperam lutar uma guerra aérea de alta intensidade em seu próprio espaço aéreo, não é um objetivo realista tentar sequer penetrar nos SAMs da OTAN. Se os soviéticos chegarem ao ponto de estar lutando apenas contra os SAMs da OTAN, eles já venceram.
Para a OTAN, SEAD/DEAD serve para permitir ataques operacionais e estratégicos de penetração profunda. A solução soviética para esse problema são armas nucleares táticas e mísseis balísticos. O Su-25 não precisa atingir bases aéreas porque a bomba nuclear vence a base aérea.
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